A capital cearense, que celebra 286 (13/04/2012) anos com comemorações em alusão a data de fundação, tem, é claro, os problemas comuns às capitais brasileiras. Mas problemas à parte, a capital também tem muita história para contar aos seus moradores e visitantes.
- A região onde hoje está a capital cearense já havia recebido, no século anterior (XVII) à sua fundação, duas expedições holandesas. Em 1637, com forte de São Sebastião, os primeiros holandeses tentaram fincar os pés na região, porém foram dizimados anos mais tardes pelos índios. A segunda tentativa dos holandeses aconteceu em 1649, onde construíram o forte de Schoonenborch (nome dado em homenagem ao governador de Pernambuco na época), para a proteção local. Porém o comando dos holandeses durou sete anos, quando foram expulsos pelos portugueses que assumiram o controle do forte, aumentando suas dimensões e rebatizando-o de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Foi no entorno do Forte, às margens do rio Pajeú, que surgiu e cersceu a vila que se tornaria a sede da capitania anos mais tarde, embora, ainda dependesse economicamente de outra vila: a de Aracati (cidade que também existe até hoje, no litoral leste do estado, a 148 km de Fortaleza), devido ao porto instalado naquela vila. A data comemorativa de Fortaleza tem base na definição do nome da vila ("Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção" seria abreviado para Fortaleza, como é conhecida a capital).
Imagem do Seminário da Prainha, que existe até hoje, no começo da Avenida Monsenhor Tabosa.
CRESCIMENTO
- A vila sede da Capitania seria elevada ao título de cidade em 1823, como nome de Fortaleza de Nova Bragança, nome que durou pouco, voltando ao original de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.
É no Segundo Império que a pequena cidade ganha seu destaque diante as outras cidades no Ceará com a política centralizadora de Dom Pedro II. É entre 1846 e 1877 que a cidade ganha melhorias urbanísticas. Nesse período são construídos o Farol do Mucuripe (hoje fechado e abandonado, aguardando políticas públicas para voltar a ser o museu que uma vez já foi, quando funcionou nas décasdas de 1980 e 1990), a Santa Casa de Misericórdia (ainda em funcionamento), Seminário da Prainha (reformado há pouco pelo governo do estado e ainda funcionando) e a Cadeia Pública (onde hoje funciona a Emcetur - centro comercial de artesanato no centro da cidade).
- Fortaleza teve seu período conhecido como Belle Époque. O nome surgido na Europa traduzia a empolgação pública quanto a revolução científico-tecnológica. Como o período também marcava as mudanças urbanísticas, tudo em Fortaleza (arquitetura, cultura e até o comportamento dos fortalezenses) se inspirou em Paris. E tudo graças ao financiamento da exportação do algodão (que em 1870 ganhou destaque e o valor da matéria-prima subiu estonteantemente).
Vista aérea de Fortaleza. A praça na imagem é a atua praça dos Leões, com o museu do Ceará ao fundo e o Palácio da Luz, onde funciona a Academia Cearense de Letras nos dias de hoje
Fortaleza ganhava na época bondes, telefones, praças, os famosos boulevards e cafés. Tinha-se o passeio público, inspirado nos jardins europeus. A praça do Ferreira, com seus cafés também ganhou os mesmos jardins. Até as lojas de roupa não importavam só a moda francesa, mas também os nomes, como maison art-noveau e torre eiffel.
Até mesmo a projeção da expansão da cidade teve base nas ideias do Barão de Haussmann, responsável por grandes mudanças urbanas em Paris. O projeto de expansão, feito pelo engenheiro Adolfo Herbster, criou a planta topográfica da capital, com as ruas em formato xadrez de forma a melhor disciplinar o crescimento da cidade.
SÉCULO XX
- Fortaleza entrava no novo século XX com a sétima maior população do Brasil (hoje é a quinta maior no país). A cidade já tinha cafés, prédios que lembravam as melhores paisagens arquitetônicas de Paris. Já era dotado de um melhoramento de saneamento básico, considerando os padrões da época. Transporte público como bondes facilitavam o deslocamento na capital, que ainda em 1910 ganharia os primeiros automóveis a transitar pelas ruas.
Foto da Praça do Ferreira na década de 20. No local do coreto, hoje está a Coluna da Hora.
EXPANSÃO
- Com o crescimento da cidade surgiu o movimento de migração do interior para a capital. Fugidos da seca que assola grande parte do território, a cidade viu sua população crescer de 48 mil habitantes no início do século XX para 112 mil 40 anos mais tarde. É nessa época que surgem as primeiras comunidades e a periferia da capital. Pirambu, considerada hoje uma das comunidades mais populosas da América Latina, surgiu em 1935; Áreas como o Lagamar e o Mucuripe em 1933, Morro do Ouro em 1940. Outros bairros como a Varjota e o Meireles surgiram em 45 e 50, respectivamente.
FORTALEZA NOS DIAS DE HOJE
- A capital cresceu, se tornou um das mais visitadas pelos turistas no nordeste. Apresenta os problemas casuais das cidade comuns. Entre eles, dito pelos próprios moradores, estão a falta de estrutura da malha viária e engarrafamentos. Mas resite às intempéries das fortes chuvas e segue cada vez mais se posicionando como uma das principais capiais do nordeste. Tem hoje o segundo maior reveillon do Brasil em número de pessoas; é a quinta capital do país em população e se prepara para receber a copa do Mundo de 2014.
Fonte: Leonardo Heffer
Do NE10/Ceará