sábado, 15 de janeiro de 2011

Quadro cronológico da Ditadura Militar (1964-85) no Brasil

1964Em 31 de março um golpe político-militar depõe João Goulart
 da Presidência da República. O Ato Instiucional nº 1 suspende os direitos políticos de centenas de pessoas. O general Castelo Branco toma posse como presidente.
1965Extinguem-se os partidos políticos existentes e institui-se o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio ao governo, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), de oposição.
1966Suspensas as eleições diretas para cargos executivos. Vários deputados federais são cassados. O Congresso, ao protestar, é posto em recesso por um mês.
1967O marechal Costa e Silva toma posse na Presidência da República. Líderes da oposição organizam uma frente ampla contra o governo militar.
1968Oposição é reprimida com violência. O Ato Institucional nº 5 marca o endurecimento do regime, agora abertamente ditatorial.
 1969Costa e Silva é afastado por motivo de saúde. Uma junta dos ministros militares assume provisoriamente o governo. A alta oficialidade das Forças Armadas escolhe o general Garrastazu Médici para presidente.
 1970A oposição ao regime se torna mais intensa, com guerrilhas na cidade e no campo. Os militares reagem com violência. Nos "porões" da ditadura, passam a ocorrer mortes, desparecimentos e torturas. 
 1971-1973
 A repressão vence a guerrilha. O país experimenta um momento de desenvolvimento econômico que ficou conhecido como "o milagre brasileiro". A economia cresceu, mas em detrimento da preservação ambiental e com o aumento da dependência do petróleo importado e do capital externo.
 1974O general Ernesto Geisel assume a presidência, enquanto o MDB conquista uma vitória expressiva nas eleições legislativas. 
 1975-1976
 Geisel representa a ala moderada dos militares e tenta promover uma abertura, enfrentando seus próprios pares. O crescimento econômico se mantém mas já há sinais de crise, proveniente sobretudo do aumento do preço petróleo e da dívida externa.
 1977A sociedade civil passa a reivindicar efetivamente a recuperação dos direitos democráticos. 
 1978Fim do AI-5. A abertura política progride lentamente. 
 1979O general João Batista Figueiredo assume a presidência. Aprovada a lei da anistia. Centenas de exilados retornam ao país. O pluripartidarismo é restabelecido. 
 1980Agrava-se a crise econômica. Aumentam as greves e as manifestações de protesto. O PDS substitui a Arena e o PMDB o MDB. Fundam-se o PDT e o PTB.
 1981 Continuam os conflitos internos entre a ala radical e a ala moderada das forças armadas. Figueiredo tem um infarto e o poder fica nas mãos de um civil, Aureliano Chaves, durante três meses.
 1982-1983
Eleições diretas para governadores e prefeitos, com vitória da oposição em Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O PT obtem seu registro na Justiça Eleitoral. Sem condições de pagar aos credores externos, o Brasil vai ao FMI.
 1984Uma campanha por eleições diretas para presidente da República agita o país. Emenda à Constituição é votada com esse objetivo, mas não consegue ser aprovada no Congresso. O fim do regime militar é iminente.  
 1985Indiretamente, o civil e oposionista Tancredo Neves é eleito presidente da República. No entanto, com sua morte anterior à posse, assume seu vice, José Sarney.  


Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Brasil na Segunda Guerra - Vargas e Hitler Ditador brasileiro preferia a neutralidade


Reprodução
Passeatas da UNE exigiam que o Brasil declarasse guerra à Alemanha
As semelhanças entre as ditaduras de Getúlio VargasAdolf Hitler e Benito Mussolini já foram apontadas por muitos historiadores. O próprio nome Estado Novo foi tirado de outra ditadura européia da época, instituída por Salazar em Portugal, país que se manteve oficialmente neutro durante a Segunda Guerra. 

Também é fato notório que entre os membros do governo Vargas havia simpatizantes do Eixo. O mais famoso deles era Filinto Müller, chefe de polícia do Distrito Federal, e responsável pela deportação de Olga Benário, mulher do líder comunista brasileiro Luís Carlos Prestes, para a Alemanha nazista.

Antes do rompimento das relações diplomáticas com o Eixo, o Brasil de Vargas mantinha boas relações comerciais com a Alemanha e a Itália. Em 1936, Brasil e Itália firmaram um acordo para compra de submarinos italianos, que seriam pagos com algodão e outros produtos brasileiros. O exército brasileiro também importava armamentos da Alemanha nazista. 

Em junho de 1940, num discurso proferido a bordo do encouraçado Minas Gerais, Vargas elogiou o nacionalismo das "nações fortes", uma referência indireta às ditaduras direitistas da época. Tal discurso foi proferido para a cúpula das Forças Armadas do Brasil. No entanto, entre manter boas relações comerciais com os países do Eixo (e mesmo nutrir certa admiração por esses países) e aliar-se com eles numa guerra há enorme diferença. 

Tentativa de neutralidade

Vargas era um político hábil e, enquanto conseguiu manter o Brasil neutro na guerra, soube tirar proveito das vantagens de ter relações comerciais tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha. 

Há quem acredite que, por pouco, o Brasil não entrou na guerra ao lado dos alemães, o que é um exagero. Vargas jamais arriscaria uma aliança formal com eles, o que seria o mesmo que uma declaração de guerra ao "vizinho rico do norte", os Estados Unidos. Diante de tal acordo, os EUA não hesitariam em invadir o litoral do Nordeste brasileiro para ocupar portos e bases aéreas. Aliás, os militares norte-americanos tinham mesmo um plano (jamais executado) de tomar as bases aéreas e os portos brasileiros, caso as negociações diplomáticas falhassem. Nesse plano, os principais alvos eram Natal e o aeroporto de Parnamirim. 

Mesmo nutrindo alguma simpatia pelos regimes fascistas, Vargas pretendia permanecer neutro na guerra, pois achava que o país não deveria entrar num conflito que, na opinião dele, não traria vantagem alguma ao seu governo. O fato de que o governo Vargas tivesse entre seus apoiadores ou membros da administração alguns simpatizantes do nazismo (chamados na época de "germanófilos"), isso não tornava o Brasil necessariamente um possível aliado da Alemanha. 

Diferenças e semelhanças

Se havia alguma incoerência no fato de a ditadura de Vargas entrar na guerra ao lado das democracias, haveria mais incoerência ainda numa aliança entre o Brasil e a Alemanha. Seria um absurdo um país multiétnico, de população miscigenada, aliando-se a uma ditadura que pregava a superioridade da raça ariana e a escravização e o extermínio das raças consideradas "inferiores". 

Os que chamam a atenção para as semelhanças entre o Estado Novo e os regimes totalitários da Europa costumam se esquecer das diferenças entre esses mesmos regimes. 

A ditadura brasileira tinha em comum com o nazismo e o fascismo a perseguição aos comunistas, mas perseguiu também os integralistas (que possuíam em seus quadros vários simpatizantes de Hitler e de Mussolini). 

Se as técnicas de propaganda empregadas pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para promover o governo Vargas no cinema e no rádio (a obrigatoriedade de transmissão do programa a Voz do Brasil é resquício dessa época) eram algumas das mesmas empregadas pela propaganda nazifascista, também guardavam semelhanças em relação a algumas das utilizadas pela propaganda do governo Franklin Roosevelt, nos Estados Unidos (Roosevelt, um presidente eleito democraticamente, também se valia de um programa de rádio para falar ao seu povo). 

Aliás, é possível que Vargas, em suas medidas paternalistas (que lhe valeram a fama de "pai dos pobres") e de intervenção estatal na economia, também tenha se inspirado no New Deal, o programa de medidas adotadas por Roosevelt para combater o desemprego nos Estados Unidos durante a crise econômica causada pela quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929. 

Outro fator que inviabilizava qualquer possibilidade de aliança entre o Brasil e a Alemanha era a aversão da opinião pública brasileira ao nazismo. O nazismo tentou fincar raízes no Brasil. Para isso, montou uma rede de propaganda: antes da entrada do Brasil na guerra, muitos jornais e revistas nazistas chegaram a circular entre a comunidade de imigrantes alemães nas regiões Sul e Sudeste. 

Na verdade, havia simpatizantes do nazismo e do fascismo no Brasil tanto dentro quanto fora das colônias alemã e italiana. Apesar disso, o nazismo nunca conseguiu conquistar a simpatia da maioria dos brasileiros. 

Entre os que repudiavam o nazismo estavam opositores do Estado Novo, como, por exemplo, os comunistas - que, por razões óbvias, nutriam simpatia pela União Soviética - e alguns membros do próprio governo Vargas, que eram simpáticos às democracias liberais (Estados Unidos, Inglaterra, etc.). Dentre estes últimos, Oswaldo Aranha, então ministro das Relações Exteriores. 

Além disso, após os afundamentos de navios brasileiros e as passeatas da UNE exigindo que o Brasil declarasse guerra à Alemanha, grande parte da população brasileira passou a repudiar o nazismo, o que impediu o aumento de seus simpatizantes em território brasileiro.


Túlio Vilela*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Retrospectiva da década - Atentados terroristas retrataram começo de século

Para o historiador Eric Hobsbawm, dois acontecimentos definiram o começo e o fim do século passado. O século 20 teria iniciado com a Primeira Guerra Mundial, em 1914, e terminado com a queda dos regimes comunistas no Leste Europeu. Poderíamos dizer, do mesmo modo, que o atual foi inaugurado com os ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. O presidente George W. Bush, recém empossado, respondeu a eles dando início a duas guerras no Afeganistão e no Iraque. O Afeganistão foi invadido para obrigar o país mulçumano a entregar Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda. Responsabilizado pelos atentados aos Estados Unidos, o terrorista até hoje não foi capturado. No Iraque, a justificativa para a deposição do ditador Sadam Hussein foi a existência de armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas. A partir de então, o medo de novos ataques terroristas se espalhou pelo mundo. Em 2004, dois atentados mataram centenas de pessoas no metrô de Madri, na Espanha, e na cidade de Beslan, na Rússia. Em julho do ano seguinte, explosões vitimaram 52 pessoas em Londres, no Reino Unido. O pânico levou a polícia londrina a executar o brasileiro Jean Charles de Meneses, confundido com um terrorista no metrô.

  Economia

Outro grande acontecimento da década foi a crise econômica internacional, a pior desde 1929. O marco foi a falência do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro 2008. Os efeitos da crise incluíram um longo período de recessão em países europeus e, indiretamente, a eleição de Barack Obama, o primeiro negro a ocupar o cargo em Washington. Em meio ao caos no mercado financeiro, a China ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior potência econômica do planeta. Ao mesmo tempo, o regime comunista de Pequim virou alvo de críticas por violações dos direitos civis e degradação do meio ambiente. Junto com a economia, o aquecimento global foi o assunto que mais reuniu líderes mundiais na década. Em fevereiro de 2007, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) culpou a ação humana pelas mudanças climáticas. Os efeitos, porém, já eram sentidos em todo o planeta: ondas de calor na Europa, enchentes no Sudeste Asiático e furações na América, sem falar nos terremotos de devastaram o Chile e o Haiti em 2010. Os cientistas ainda anunciaram o sequenciamento do genoma humano (2001), abrindo caminho para cura de doenças, e a primeira pandemia do século (2009), a gripe suína. Na área de tecnologia, o crescimento da internet, o surgimento das redes sociais e a sofisticação dos aparelhos celulares e computadores transformaram as relações humanas. 

  Brasil

No Brasil, a década começou com a chegada do primeiro sindicalista à Presidência. Se, como disse Maquiavel, a manutenção do poder se faz equilibrando virtudes naturais do governante (virtú) e a própria sorte (fortuna), pode-se dizer que Luiz Inácio Lula da Silva teve ambas. Eleito em 2002, conseguiu dois feitos notáveis: manteve a economia nos eixos e melhorou a distribuição de renda. Além disso, o petista sobreviveu a escândalos políticos como o “mensalão”, em 2005, e tirou proveito da descoberta de reservas de pré-sal e da escolha do país para sediar a Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016. Mesmo assim, o Brasil atravessou a década com problemas antigos, de infraestrutura, saneamento, educação e saúde. Alguns deles até piores, como a violência urbana. Numa versão nacional do terrorismo, as duas maiores metrópoles do país foram vítimas de ondas de ataques do crime organizado: São Paulo, em 2006, e Rio de Janeiro, em 2010. Pela TV, os brasileiros acompanharam “novelas reais” como o sequestro de Sílvio Santos, as mortes do prefeito de Santo André, Celso Daniel, e do repórter da TV Globo Tim Lopes, e os julgamentos de Suzane von Richthofen e do casal Nardoni. Houve também as tragédias aéreas. A colisão de um avião da Gol com um jato da Embraer matou 155 pessoas (2006), e a queda de um Boing da TAM ao lado do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, deixou 199 mortos (2007). Os dez primeiros anos do século 21 terminaram no país com a eleição de Dilma Rousseff, a primeira mulher na Presidência da República.