quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

COMO FOI CRIADO O CALENDÁRIO CRISTÃO


Como se contam os anos
Fabiano Maisonnave
Especial para o UOL
e Da Redação

Até o ano 525 da Era Cristã, o mundo ocidental não contava os anos como hoje. O marco do início dos tempos era a fundação de Roma, o ano da legendária fundação da cidade pelos irmãos Rômulo e Rêmulo, chamado ano zero A.U.C ("ab urbecondita"). A Era Cristã em que vivemos foi inventada por Dionysius Exiguus (em português, Dênis, o Exíguo), a pedido do papa João 1°, no ano de 525 d.C (correspondente ao ano 1278 A.U.C.). O objetivo da reforma era acabar com a falta de sincronia entre as igrejas para o cálculo da Páscoa. O cálculo para a Páscoa mais conhecido até então havia sido criado pelo bispo da Alexandria, mas várias igrejas seguiam diferentes sistemas, numa confusão bíblica.
No meio dos cálculos para o novo calendário da Páscoa, Dionysius resolveu não seguir o modelo do bispo de Alexandria, cujo marco inicial era o imperador Diocleciano. "Não queria perpetuar o nome do Grande Perseguidor dos Cristãos, mas numerar os anos a partir da encarnação do Nosso Senhor Jesus Cristo", escreveu. Estava criada a Era Cristã.
Se Dionysius era um ardente religioso, a parte matemática deixou a desejar. Ao calcular o ano de nascimento de Cristo, ele errou nas contas, e Cristo "nasceu" quando provavelmente já contava seis anos ou sete anos (não se sabe o ano exato do nascimento). Tivesse ele sido mais preciso, a virada teria sido em 1994 ou em 1995.
Outro fato que tem causado confusão até hoje é que Dionysius não incluiu o ano zero. Na sua cronologia, o fim do ano 1 antes de Cristo marcou a chegada do ano 1 depois de Cristo. Por isso, matematicamente o século 21 começou só no ano 2001 e não no ano 2000.

Resumindo: se a Era Cristã tivesse sido contada mais corretamente, e considerando que a passagem dos séculos é a partir do ano 1 (1801, 1901.), a virada do milênio já teria ocorrido.
Se em 95 ou em 96, só Deus sabe. Mas quem se importa com a cronologia cristã? Para marcar uma passagem de avião, por exemplo, quase o mundo todo. Praticamente todos os países seguem o esquema que Dionysius inventou para a Páscoa medieval. Mesmo em lugares não-católicos houve o ano 2000. O Japão, por exemplo, adotou a cronologia ocidental em 1873, como parte da ocidentalização do país promovido pelo imperador Meiji; a China, em 1949, após a revolução comunista.

Nos aspectos religiosos e culturais, no entanto, apenas uma relativa minoria supostamente se importou com o ano 2000. As religões cristãs estão longe de agregar a maioria dos habitantes da Terra: somam 24% da população, dos quais 17,8% são católicos e os outros, protestantes.

Tomemos o Islã, por exemplo. Além de ser a maior religião do mundo, reunindo 19,6% do habitantes do planeta, é também a que mais cresce -na década de 80, somavam apenas 13,3%. A cronologia muçulmana é bem diferente. A contagem começa com a fuga de Maomé de Meca a Medina (Hégira), em de 16 de julho de 622, que marca o início da Era Islâmica.
Muitos países islâmicos utilizam a cronologia muçulmana, especialmente os situados no golfo Pérsico, como a Arábia Saudita e Iêmen. Para eles, o mundo está no ano 1420. Outros países, como Egito, Síria e Jordânia, adotam ambos; Turquia, Paquistão e Nigéria só utilizam o cristão.


Não é só a cronologia, no entanto, que detetermina os anos.
Muitas vezes, o calendário também difere, fazendo com que os anos de uma religião sejam mais curtos do que os outros. O calendário que adotamos hoje é o gregoriano, implantado em 1582 pelo papa Gregório 8° em substituição ao calendário juliano. O calendário juliano, inventado durante o governo de César pelo astronômo Sosígenes, em 46 a.C., só foi plenamente adotado no século 8, portanto cerca de 800 anos após a sua invenção. Gregório pouco alterou o calendário juliano: nos dois, o ano tem 365 dias divididos em 12 meses, cada um com 30 ou 31 dias, com exceção de fevereiro, que tem normalmente 28 dias e, a cada 4 anos, 29 dias (ano bissexto).


A substituição do calendário juliano teve de ser feita por um erro aparentemente pequeno:
Sósigenes superestimara a duração do ano astronômico (o tempo que a Terra leva para dar a volta completa no Sol) em 11 minutos e 14 segundos! Parece pouco, mas o tempo passa, e, à epóca de Gregório 8°, já havia uma defasagem de 14 dias a partir de 46 a.C. O papa, no entanto, decidiu "recomeçar" o calendário a partir do Concílio de Nicéia, 325 d.C. Assim, Roma dormiu no dia 4 de outubro de 1582 para acordar no dia 15 de outubro - um sono de dez dias.

Existe apenas uma diferença entre os dois calendários, quase imperceptível. Para recuperar os 11 minutos e 14 segundos, o gregoriano prevê que só os anos divisíveis por 400 serão bissextos, como o esperado ano 2000, que terá 366 dias. Dessa forma, corrige-se o erro de Sósigenes.
O calendário gregoriano foi rapidamente adotado pelos países católicos, como Portugal, Espanha e alguns estados germânicos. Outras regiões só deixaram o calendário juliano em favor do gregoriano muitos anos depois. A Inglaterra e suas colônias só o adotaram 1752, quando foram suprimidos 11 dias. A França, ao contrário, abandonou-o em 1792, quando foi criada a República, experiência no entanto que durou pouco. O último país foi a Rússia: apenas em 1918, após a revolução comunista. Ainda assim, algumas repúblicas da ex-União Soviética continuam usando o calendário juliano.

No entanto há muitos outros tipos de calendário, com distintas cronologias. O hindu, por exemplo, a terceira maior religião do mundo com 12,8%, tem o tempo dividido em yugas, cujo período diminui à medida que o tempo passa, numa metáfora do declínio da humanidade.
Atualmente, a Era Hindu está no último yunga - o mais degenerado - iniciado em 3102 a.C. e que terminará daqui a 432 mil anos. Já o calendário hindu, criado em 1000 a.C e hoje usado apenas para calcular datas religiosas, é dividido em 12 meses, mas cuja soma fica em 354 dias. Para resolver a diferença, acrescenta-se um mês a cada 30 meses.

BREVE LEVANTAMENTO DO GOVERNO LULA

Governo foi marcado por melhorias sociais e escândalos políticos

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Ao deixar o cargo de presidente no próximo dia 1º de janeiro, Luis Inácio Lula da Silva terá legado, em oito anos de governo, avanços nos setores de economia e inclusão social. Índices históricos de crescimento econômico e redução da pobreza garantiram ao ex-metalúrgico 83% de aprovação popular – o maior patamar entre presidentes desde o fim da ditadura – e a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, uma estreante nas urnas.


Mas o balanço da "era Lula" tem suas tragédias. Escândalos de corrupção abalaram o primeiro mandato (2003-2006), mancharam a imagem do Partido dos Trabalhadores (PT) e contribuíram para que o Congresso seja hoje a instituição de menor credibilidade entre os brasileiros.

Na economia, o maior mérito do governo petista foi a manutenção da política dos governos anteriores. Crítico do Plano Real, Lula, ao chegar ao Planalto, deu continuidade ao programa que controlou a inflação. A medida assegurou a estabilidade econômica e possibilitou que outras questões importantes, como saúde, educação e segurança pública, fossem discutidas.

O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002 (2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar para 8º no ranking das maiores economias do mundo.

Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres.

O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29,9 milhões desde 2003.
 

Política externa

No cenário internacional, o governo petista surpreendeu – para o bem e para o mal. Quando foi chamado de "o cara" pelo presidente norte-americano Barack Obama, Lula já desfrutava do prestígio de ser uma liderança internacional. Durante seu governo, o Brasil reforçou laços políticos e comerciais, sobretudo na América do Sul, África e Ásia.

Na diplomacia, a posição do governo em relação a regimes ditatoriais como Cuba e Irã abalou a imagem do país no exterior. O próprio Lula contribuiu para isso. Primeiro, ele comparou os protestos no Irã com queixas de um time derrotado. Depois, em visita a Cuba quando da morte de um preso político em greve de fome, comparou os dissidentes a presos comuns. Foram também vergonhosas as posturas do Brasil em fóruns internacionais com respeito a área de direitos humanos, como no caso da iraniana condenada a pena de morte, e no apoio ao projeto nuclear do Irã.
 

"Mensalão"

O pior aspecto do governo Lula, contudo, foram os sucessivos escândalos políticos. Na oposição, o PT se mostrava como uma alternativa ao fisiologismo político, o corporativismo e a corrupção que reinava entre os partidos. Uma vez no poder, aderiu às mesmas práticas. O "mensalão", em 2005, foi o divisor de águas na era Lula. O esquema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações no Congresso. Na época, o presidente contava com apenas 31% de aprovação.

As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No segundo mandato, Lula refez sua base política e "construiu" a candidata Dilma Rousseff para sucedê-lo no cargo. Atualmente, 38 envolvidos no caso respondem a processos por diversos crimes.

Na seqüência, houve a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, que expôs políticos que desviavam verbas públicas destinadas à compra de ambulâncias. Ás vésperas das eleições de 2006, outra "bomba": um grupo de petistas, chamados pelo próprio presidente de "aloprados", foi flagrado tentando comprar um falso dossiê contra o candidato tucano José Serra.

No segundo mandato ocorreram novos escândalos, como o caso dos cartões corporativos – funcionários do Planalto que faziam uso irregular de cartões de crédito oficiais – e um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo a família da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.
 

Saldo

Em oito anos no governo, Lula se consolidou como um fenômeno político graças ao seu apelo junto às camadas mais pobres da população. Porém, sua sucessora na Presidência vai herdar problemas que, se não forem resolvidos, podem comprometer o progresso do país.

Na Educação, 14 milhões de brasileiros com idade acima de 15 anos são analfabetos. Na Saúde, faltam leitos hospitalares, médicos e o país enfrenta uma epidemia de dengue que contaminou, somente este ano, quase 1 milhão de pessoas. Em pleno século 21, 56% dos domicílios não possuem rede de esgoto, e a infraestrutura deficitária (estradas, ferrovias, portos e aeroportos) ainda é um entrave para o desenvolvimento.

Lula também deixou de fazer reformas importantes, como a da previdência, a agrária e a tributária. O legado contabiliza ainda um Estado mais caro em razão de contratações feitas para atender interesses políticos e partidários. Em resumo, Lula continuou o projeto de um país socialmente mais justo e de moeda estável. Mas, ao mesmo tempo, manteve o que há de pior na política brasileira.

domingo, 19 de dezembro de 2010

ENTENDA O NATAL

Heidi Strecker*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Natal é sempre uma data feliz e muito especial. Nesse dia se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Para os cristãos, Jesus veio ao mundo para salvar os homens de seus pecados. Contam que o menino Jesus nasceu na cidade de Belém, numa manjedoura, entre os animais. Foi sua primeira lição de humildade. Uma estrela - a estrela de Belém -guiou os reis magos que foram levar presentes para o menino: ouro, incenso e mirra.

Muitos católicos vão à Missa do Galo, à meia-noite do dia 24. É uma tradição bem antiga. Vão rezar e celebrar o nascimento de Jesus. Na verdade, não se sabe ao certo o dia em que Jesus Cristo nasceu. A Igreja passou a comemorar o Natal no século 4 d.C.

Em muitos países, o Natal é a época do frio e da neve. No dia 25 de dezembro, os romanos celebravam o retorno do sol, depois do período do solstício de inverno, em que os dias são bem curtos. O Imperador Constantino (que era cristão) resolveu substituir estas festas pagãs pelas festas cristãs.

Muitos costumes pagãos até hoje fazem parte das comemorações do Natal, como enfeitar a porta de casa com guirlandas e acender velas ao anoitecer, o que também está ligado ao culto do sol.

A árvore de Natal é uma das tradições natalinas mais fortes e está ligado ao animismo dos povos antigos. Os egípcios levavam folhas de palmeira para dentro de casa, os celtas adoravam o carvalho e os romanos enfeitavam o abeto. Na tradição cristã o pinheiro tornou-se a árvore do Natal. É costume enfeitar o pinheiro de Natal com bolas, fitas, velas ou pequenas luzes pisca-piscas. De arremate, uma estrela na ponta, lembrando a estrela de Belém.

O hábito de trocar presentes no Natal também é bem antigo e está ligado à figura de Papai Noel, que tem uma origem curiosa. Seu nome era Nicolau e ele nasceu na cidade de Myra. Tinha o costume de presentear secretamente as três filhas de um homem muito pobre, todo dia 6 de dezembro. A data transferiu-se para o dia 25 e o costume de dar presentes se manteve. Depois que virou bispo e foi canonizado, São Nicolau passou a usar roupas vermelhas, botas, cinto e um chapéu.

O presépio é a representação do nascimento de Jesus num estábulo. São Francisco de Assis, no ano 1223, resolveu passar o Natal numa gruta. E divulgou a idéia de criar figuras em barro para representar o nascimento de Jesus. Foram criados muitos presépios a partir desta data. Em Nápoles a arte do presépio alcançou grande requinte. No Brasil há presépios muito bonitos. Em algumas regiões do Nordeste, a tradição de retratar as figuras de Nossa Senhora e São José, do menino Jesus num berço de palha, de anjos, pastores e animais passa de pai para filho.

Pessoas de outras religiões, como os judeus, os budistas e os muçulmanos, não comemoram o Natal. Eles possuem outras festas religiosas. Mas a festa se popularizou tanto, principalmente por causa dos presentes e da oportunidade que eles representam para o comércio, que muitos não cristãos não deixam de participar delas, com seus amigos cristãos.

Desse modo, pouca gente escapa ao espírito de Natal. A época de Natal sempre esteve associada à generosidade, ao amor, à esperança e ao sentimento fraterno. Nada melhor do que estar com a família e os amigos, aproveitar a ceia de Natal, ouvir as músicas natalinas, lembrar das tradições. E trocar presentes, claro!

*Heidi Strecker é filósofa e educadora.

Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Heidi Strecker*
Especial para Página 3 - Pedagogia & Comunicação

Todos nós sabemos que ver uma criança vivendo na rua, um doente sem tratamento médico, uma pessoa sendo maltratada ou alguém passando fome são coisas tristes e muito difíceis de aceitar.

Estas situações são um atentado contra os direitos humanos! Mas o que são direitos humanos? São aqueles direitos que nascem com a pessoa, não importa a raça, a cor, o sexo, a religião ou a nacionalidade.

Mas quando foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos?

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 10 de dezembro de 1948. Esta atitude da Organização das Nações Unidas foi uma resposta às crueldades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.

Entre estas crueldades estavam os crimes praticados pelos nazistas, que atingiram judeus, comunistas, ciganos e homossexuais. E também as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de pessoas inocentes.

Através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os diversos países se comprometeram a realizar um esforço para eliminar todas as formas de afronta a esses direitos.

O princípio básico desta declaração está colocado logo no começo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Muito bom. Baseada neste princípio, a declaração proíbe a escravidão, a tortura e todas as formas de discriminação e violência.

Também proíbe o tratamento desigual entre brancos e negros, entre homens e mulheres. Quando vemos brancos e negros receberem salários diferentes para uma mesma função, por exemplo, sabemos que isto é um desrespeito aos direitos humanos!

A Declaração também diz que todos têm direito à liberdade de expressão, de opinião e de pensamento.

Podemos observar que diversos problemas sociais do nosso país também ferem os direitos humanos, como a fome, a falta de habitação, de saneamento básico, a falta de segurança. Isso faz pensar numa coisa. Não basta às pessoas ter direitos. Estes direitos precisam ser reconhecidos e aplicados.

Pois bem, às vezes pensamos que não podemos fazer nada, mas as coisas não são bem assim. Todos podem lutar pela aplicação dos direitos humanos. Podemos protestar quando vemos um direito sendo violado. Podemos participar mais da vida na nossa escola e na nossa comunidade.

Podemos nos expressar, discutir com nossos colegas, falar com pessoas da nossa família. Existem também muitas associações e entidades que lutam pelos direitos humanos. Quando as pessoas se unem, têm muito mais força para transformar a realidade.

Realmente, dia 10 de dezembro é uma data que vale a pena celebrar!