sábado, 24 de abril de 2010

Fóssil fornece novas pistas sobre a origem da espécie

Quando publicou Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida, em 1859, Darwin evitou falar na evolução do homem. O livro tratava das mudanças sofridas por diferentes organismos para se adaptarem ao meio ambiente e sobre o surgimento de novas espécies. As ideias de Darwin já eram escandalosas o suficiente para os padrões vitorianos da época. Por isso, ele quis evitar um confronto ainda maior com os dogmas religiosos, o que aconteceria se aplicasse sua teoria à espécie humana.
A ousadia coube a seu maior discípulo, Thomas Henry Huxley (1825-1895), que concluiu, de acordo com a teoria da evolução, que o homem descendia de primatas. Anos depois, Darwin publicou A descendência do homem (1871), em que afirmava que nossos parentes mais próximos eram os gorilas e os chipanzés, e que as provas seriam descobertas na África, continente habitado por diferentes espécies de primatas.
Isso não significa que os macacos evoluem e se transformam em homens, mas que homens e macacos são descendentes de espécies em comum que deram origem a diferentes linhagens. De uma dessas linhagens surgiram os macacos, tal como existem hoje. De outra, apareceu o homem.

Árvore genealógica

No século 20, descobertas científicas comprovaram a teoria de Darwin. Foram encontrados fósseis de diferentes espécies primatas e, com base na análise de cadeias de DNA, foi possível traçar uma árvore genealógica da espécie humana.
Sabemos hoje que o ancestral mais antigo do homem vivia na África, há sete milhões de anos. Sabemos também que a evolução humana não foi linear, mas comportou vários chamados "galhos secos", ou seja, espécies que foram extintas no caminho. E que, além disso, diferentes espécies de homem chegaram até a coexistir na mesmo época (ver filme indicado abaixo).
Desde que o primeiro fóssil de um ancestral do homem foi encontrado na Alemanha, em 1856, três anos antes da publicação de A origem das espécies, os cientistas traçam a linha evolutiva de dois gêneros distintos de hominídeos: o Australopithecus ("macaco do sul"), que representa a transição entre o macaco e o homem, e o Homo, ou gênero humano.
Porém, há diversas lacunas nessa história. Não se sabe, por exemplo, como a espécie Homo sapiens (que pertence ao gênero Homo), da qual faz parte o homem moderno, conseguiu sobreviver em relação às demais, ou como desenvolveu o pensamento abstrato e a linguagem.
A própria origem do gênero Homo é controversa. Especialistas acreditam que ele teria se desenvolvido de uma espécie do Australopithecus, como, por exemplo, a Australopithecus afarensis, à qual pertence o fóssil "Lucy", descoberto em 1974, e a Australopithecus africanus. Mas qual seria o "elo" entre as espécies dos dois gêneros?

Antepassados

Uma importante peça desse quebra-cabeça foi encontrada. Cientistas anunciaram, na revista Science, de 8 de abril de 2010, a descoberta de dois fósseis de 2 milhões de anos, na África do Sul, que seriam de uma nova espécie de hominídeo, a Australopithecus sediba. Para os cientistas, essa espécie seria o elo entre uma espécie do gênero Australopithecus - a Australopithecus africanus - e espécies do gênero Homo, a Homo habilis ou a Homo erectus, que são consideradas linhagens diretas do homem atual. Seria, portanto, o "elo perdido" entre o homem e o macaco.
Os fósseis são de um jovem macho, de aproximadamente 13 anos de idade, e de uma fêmea adulta, com cerca de 30 anos. Eles foram encontrados em uma caverna localizada perto de Johanesburgo, maior cidade da África do Sul, pelo filho de 9 anos de idade do antropólogo americano Lee Berger, durante uma prospecção de fósseis. O local onde ocorreram os achados, chamado sítio de Malapa, é estudado desde 1935.
O que sustenta a hipótese dos cientistas é que os esqueletos possuem tanto características de macaco quanto de homem. A espécie tem braços longos e cérebro pequeno, como os de um macaco, e pernas compridas, pélvis robusta e dentes pequenos, como os de um humano.
A hipótese, porém, precisa ser comprovada. Para isso, os cientistas irão verificar se os fósseis apresentam traços de DNA, além de estudar o ambiente em que viviam. Outros especialistas discordam e acham que a descoberta pode ser de uma espécie de Homo extinta - e, deste modo, não seria ancestral do homem moderno, mas apenas uma prima distante.
Mesmo que os fósseis de Malapa não resolvam o mistério da origem do Homo, sua correta classificação irá acrescentar um retrato a mais no álbum de família dos primatas, o que nos permitirá conhecer mais sobre nossas origens.


AUTOR: José Renato Salatiel

terça-feira, 20 de abril de 2010

Lei da propriedade intelectual faz 300 anos

Três séculos atrás, em 10 de abril de 1710, entrou em vigor no Reino Unido a primeira lei dos direitos autorais. Ela marcou o início da era da propriedade intelectual, que garantiu aos criadores a devida remuneração pelas obras, desenvolveu a indústria do entretenimento e contribuiu para o progresso da arte e da ciência modernas. No final do século 20, porém, a internet começou a mudar as relações entre autores, consumidores e meios de comunicação. A própria ideia de autor, uma das bases da modernidade, tornou-se mais complexa. Com isso, a questão é saber por quanto tempo mais sobreviverão, na forma como existem hoje, as leis que protegem a propriedade intelectual.Direito autoral - ou copyright, em inglês - é o direito que um autor possui sobre uma obra original (um livro, uma música, um filme ou um software), incluindo a reprodução, comercialização, distribuição e adaptação da obra. O copyright pode ainda ser transferido ou licenciado. O autor de histórias em quadrinhos, por exemplo, pode vender os direitos de adaptação de um personagem para o cinema.A proteção da propriedade intelectual, contudo, tem um prazo definido por lei. No Brasil, de acordo com a lei de número 9.610, de 1998, esse prazo é de 70 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano após a morte do autor ou, no caso de produtos audiovisuais e fotografias, a partir do ano de divulgação. Nos Estados Unidos, o prazo é maior: 95 anos.Terminado o período, a obra passa a ser de domínio público, ou seja, torna-se patrimônio cultural da sociedade. Por este motivo, as obras completas de Machado de Assis e Fernando Pessoa, por exemplo, podem ser lidas integralmente na internet, sem violar a lei do copyright (ver site indicado abaixo). Recentemente, a partir de janeiro de 2010, entraram em domínio público as obras do fundador da Psicanálise, Sigmund Freud.Cada país possui legislação própria sobre direitos autorais, assim como as penalidades referentes à violação da lei. Existe ainda um acordo internacional sobre a questão, conhecido como Convenção de Berna, que possui 164 países signatários. O tratado foi assinado em 1886, na cidade de Berna, na Suíça, e revisado pela última vez em 1971, em Paris.A Convenção de Berna permitiu que o copyright fosse respeitado em âmbito internacional. Antes, um escritor que publicasse um livro em seu país de origem poderia ter a obra "pirateada" no exterior.
Tratado de AnneA primeira lei de direitos autorais foi promulgada no Reino Unido em 1710, conhecida como Tratado de Anne, em referência à rainha Anne (1665-1714). A lei decorreu da necessidade de o governo regular o comércio de livros e da falta de estímulos para escritores comporem novas obras.A invenção da imprensa, no século 15, permitiu a distribuição de cópias em massa de materiais impressos. Por outro lado, a divulgação de informações nem sempre favoráveis aos regimes autoritários da época obrigou o Estado e a Igreja a elaborarem mecanismos de controle.Para se imprimir e comercializar um livro, era preciso ter uma licença do rei. O direito sobre a obra era do livreiro, e o autor não tinha qualquer incentivo à criação. Desde a Idade Média e o Renascimento, pintores e músicos dependiam de papas, monarcas ou mecenas para sobreviver. Poucos viviam da própria arte.O Tratado de Anne mudou esse panorama. A lei inglesa foi a primeira a contemplar os direitos de propriedade artística. O prazo de proteção de direitos sobre livros e cópias era de 14 anos, renovados por mais 14 se o escritor continuasse vivo após o término do primeiro termo, totalizando 28 anos. Além disso, estabelecia 21 anos de copyright para qualquer livro já impresso. A violação do tratado previa multas e a destruição das cópias não autorizadas, do mesmo modo como acontece hoje.Depois do Tratado de Anne, surgiram outras leis nos Estados Unidos e na Europa. No século 19, a noção de propriedade intelectual foi estendida para abranger mapas, desenhos, fotografias, músicas, pinturas e esculturas. Já no século 20, foram incluídos cinema, dança, arquitetura e programas de computadores.
Cultura digitalNo final do século 20, a era digital começou a colocar em xeque o conceito de direitos autorais devido a três fatores referentes ao produto, ao consumidor e ao meio de comunicação. Primeiro, o processo de digitalização propiciou a reprodução de obras com a mesma qualidade que o original. A cópia digitalizada de um CD tem a mesma qualidade técnica que o original; diferente, por exemplo, da antiga cópia de um LP em fita cassete.Em segundo lugar, a popularização de computadores pessoais, de interfaces gráficas mais acessíveis, e o desenvolvimento de softwares fizeram surgir consumidores que também são produtores de conteúdo. Eles se apropriam de obras, transformam-nas e as divulgam na internet.Por último, novas tecnologias de comunicação facilitaram a distribuição de produtos em alta velocidade, mudando a percepção que os usuários têm dos direitos autorais. Sistemas de compartilhamento de arquivos como o P2P (peer-to-peer, ou redes ponto-a-ponto) fizeram com que produtos protegidos por copyright fossem distribuídos aos milhões, sem que um centavo fosse pago.A indústria fonográfica foi a mais afetada pela cultura digital. Atualmente, boa parte dos artistas prefere divulgar as músicas gratuitamente na internet e ganhar dinheiro com shows. No cinema, cópias piratas são comercializadas às vezes antes mesmo do lançamento oficial do filme. O mercado editorial, por enquanto, é o que sofreu menos prejuízos, em razão de o livro ainda ser uma tecnologia insuperável e muitos leitores não terem se adaptado à leitura em telas.
Futuro do copyright
Na prática, houve uma mudança do que se entende por direito autoral. O problema é que a legislação vigente não contempla essa nova realidade. Aos olhos da lei, tanto um camelô que vende cópias piratas de "Avatar" quanto um adolescente com o computador repleto de músicas "baixadas" da internet são infratores. Do mesmo modo, artistas que utilizam técnicas de remixagem ou mashups (aplicações que combinam dois ou mais serviços e conteúdos online), além dos usuários de sites como YouTube, por exemplo, também infringem essas leis.Nesses casos, ao invés de incentivar o conhecimento, como o fez o Tratado de Anne, o copyright agiria como uma barreira à liberdade de criação.Na batalha pelos direitos autorais, empresas e companhias entendem que os governos deveriam ser mais rígidos, identificando usuários que compartilham arquivos online, para que sejam punidos. Nos tribunais, as indústrias do cinema e da música se uniram contra os responsáveis pelo The Pirate Bay, um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos no mundo. Em abril de 2009, eles foram condenados pela Justiça sueca.Outros entendem que a internet é um território livre que não comporta mais o conceito de propriedade intelectual, conforme definido pelas leis atuais. Os direitos autorais deveriam, deste modo, ser flexibilizados para fins não comerciais. Uma das propostas nesse sentido foi a criação, em 2001, do Creative Commons, uma licença que permite a cópia e alteração de obras, desde que não sejam comercializadas e que seja dado o devido crédito aos autores.De qualquer forma, o direito autoral, fundamental na sociedade de consumo e de massa, precisa se adaptar à sociedade em rede para continuar sendo um importante aliado dos autores, não um empecilho à criatividade.
HÁ! RESPEITANDO OS DIREITOS AUTORAIS ( OU copyright) ESSE ENSAIO NÃO É MEU!!!!
FONTE: UOL ATUALIDADES
AUTOR: José Renato Salatiel

domingo, 18 de abril de 2010

Brasília: 50 anos

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. A transferência da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília levou desenvolvimento para o interior do território e concentrou o poder político longe dos centros urbanos da época.
Brasília foi erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Para ele, foi uma decisão estratégica fugir da instabilidade política do Rio de Janeiro, onde estaria sujeito a golpes.
Mas a idéia da cidade é antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi o primeiro a sugerir o nome Brasília para a nova capital do país, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891, previa a mudança da capital do Rio de Janeiro para uma região no Planalto Central. Para isso, foi criada a Comissão Exploradora do Planalto Central (1892-1893), liderada pelo astrônomo belga Luiz Cruls - amigo do imperador d. Pedro 2º, então no exílio -, que explorou a região.
Anos depois, em 1954, o governo de Café Filho (1954-1955) nomeou a Comissão de Localização da Nova Capital Federal (1954), comandada pelo marechal José Pessoa, para dar continuidade aos trabalhos. O território que abrigaria a futura capital do país era conhecido como Quadrilátero Cruls, em homenagem a Luiz Cruls. Tinha dimensões de 160 por 90 quilômetros quadrados e situava-se a mil quilômetros de São Paulo e Rio de Janeiro.
A proposta do governo, com a transferência da capital para o cerrado goiano, era explorar as riquezas da região central do país.
O Distrito Federal foi o primeiro passo no sentido de equilibrar as diferenças de um país dividido entre o litoral - populoso, urbanizado e industrializado - e o interior - despovoado, pobre e sem infraestrutura. Junto com a capital surgiram estradas como a Belém-Brasília, importante ligação com a região Norte do país.
Juscelino Kubitschek, o JK, foi alvo de muitas críticas na época, principalmente por parte de políticos do Rio de Janeiro, que temiam perder influência e poder com a transferência da capital, pois a cidade era capital federal desde a implantação da República, em 1889, e foi capital da colônia desde 1763.
Para JK, entretanto, a mudança era também estratégica. O ambiente político da segunda metade dos anos 50 era permeado pela tensão da Guerra Fria (1945-1989). De um lado, havia o receio de os militares darem um golpe - e, de outro, o de estourar uma revolução comunista como a ocorrida em Cuba, em 1959. No ano anterior à eleição de JK, Getúlio Vargas se suicidara no Palácio do Catete (sede do governo, no Rio de Janeiro).
JK esperava cumprir o mandato estando longe das agitações populares e do clima de instabilidade no Rio de Janeiro. O isolamento do poder em Brasília, para alguns especialistas, acabaria contribuindo para formar uma classe política que, distante da pressão popular, estaria mais sujeita à corrupção.
Juscelino defendia a proposta desde 1946, quando era deputado constituinte. E a cidade apareceu como meta de número 31 (a meta-síntese) no Plano de Metas de seu governo.
Foi no primeiro comício como candidato da coligação PSD-PTB, cinco dias após deixar o governo do Estado de Minas Gerais para concorrer à Presidência, que JK fez a promessa de construir Brasília. Era 4 de abril de 1955, no município de Jataí, sertão goiano. Após o discurso, um eleitor perguntou se o candidato mudaria a capital, conforme previsto na Constituição. JK respondeu: "Cumprirei na íntegra a Constituição. Durante o meu quinquênio, farei a mudança da sede do governo e construirei a nova capital".
O projeto urbanista foi de autoria de Lucio Costa - e as edificações modernistas, do arquiteto Oscar Niemeyer.
Não se sabe exatamente quanto foi gasto na construção de Brasília. A maior parte das verbas não foi contabilizada em registros bancários ou comprovantes fiscais. O governo também não fez, à época, uma estimativa oficial.
O ex-ministro da Fazenda de Café Filho, Eugênio Gudin, adversário político de JK, estimou os custos em US$ 1,5 bilhão. Em valores atualizados, o orçamento seria de US$ 83 bilhões, seis vezes mais do que o previsto para as Olimpíadas do Rio, a serem realizadas em 2016. Para captar recursos, o governo emitiu mais dinheiro e foram feitos empréstimos no exterior. Isso deixou uma conta salgada para o país, na forma de inflação alta e dívida externa.
A despeito disso, Brasília progrediu. A cidade tinha 140 mil habitantes em 1960 e em 2010 são estimados 2,6 milhões de brasilienses vivendo na capital. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu, em média, 4,8% entre 1961 e 2000, o Distrito Federal teve aumento de 57,8% no mesmo período.
A combinação de empregos públicos e altos salários faz de Brasília a cidade com o maior PIB per capita do país, R$ 40.696, quase três vezes maior que a média nacional - e superior a São Paulo (R$ 22.667) e Rio de Janeiro (R$ 19.245), de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Eleito governador pelo Estado de Goiás, em 1962, JK teve os direitos políticos cassados dois anos depois. Morreu em 1976, num acidente de carro na via Dutra. Deixou como legado uma utopia modernista concretizada no meio do sertão. Brasília ainda seria palco do fim da ditadura militar (1985), do impeachment de Collor (1992), da eleição de um operário (Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003) para a presidência da República e de muitos escândalos de corrupção.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Há cérebro em esqueleto pré-humano, indica análise

Há um remanescente de cérebro primitivo e encolhido dentro da caveira do hominídeo divulgado na semana passada, indicam exames preliminares.
A nova espécie encontrada, chamada Australopithecus sediba, é a mais nova candidata a ser o ancestral imediato do ser humano.
O exame feito no bem preservada crânio do macho adolescente --há também um fóssil de fêmea adulta, ambos de 1,9 milhão de anos-- mostra também o que seriam ovos de insetos fossilizados, informa o site LiveScience.

Para analisar o fóssil sem quebrá-lo, pesquisadores usaram raios-X gerados no Síncroton Europeu de Radiação, em Grenoble, França.
Sua resolução de imagem e alcance energético são bem maiores que das máquinas de raios-X convencionais. Pode obter detalhes de até 700 nanômetros, igual ao comprimento de onda da luz vermelha. Um nanômetro equivale a um milionésimo do milímetro.
Inesperado
Partes moles do corpo normalmente não fossilizam, mas o exame indica a existência de tecido cerebral degenerado por bactérias em uma área de baixa densidade da caveira.
"Uma maneira de explicar a cavidade é que, quando este indivíduo morreu, foi mumificado, e esta mumificação fez com que o cérebro encolhesse perdendo água, e levando a uma forma estranha", disse Paul Tafforeau, paleoantropologista do síncroton europeu.
Se for confirmada a existência do cérebro encolhido, estima-se que deve ser um vigésimo do tamanho original da espécie, por volta de 450 centímetros cúbicos. Já era pequeno quando comparado ao cérebro humano, de cerca de 1.600 centímetros cúbicos.

Hominídeos caminhavam sobre 2 pés há pelo menos 3,6 milhões de anos



da Efe, em Washington
Os primeiros hominídeos deixaram as árvores e começaram a caminhar eretos e sobre os dois pés há pelo menos 3,6 milhões de anos, confirmou um estudo divulgado hoje pela revista "PLoS ONE".
Segundo cientistas de três universidades americanas, acreditava-se até então que os primeiros hominídeos não eram bípedes e passavam a maior parte de sua vida nas árvores.
No final da década de 1960, um grupo de cientistas descobriu em Laetoli, Tanzânia, pegadas de hominídeos preservadas em cinzas vulcânicas de 3,6 milhões de anos atrás.
Essas pegadas teriam sido deixadas por membros do grupo hominídeo "Australopithecus afarensis". Essa espécie inclui o fóssil "Lucy", cujo esqueleto fossilizado é o mais completo de um Australopithecus encontrado até agora.
Segundo o estudo dirigido por David Raichlen, professor da Escola de Antropologia da Universidade do Arizona, várias características dos Australopithecus encontradas nos quadris, pernas e costas indicavam que os membros desse grupo eram bípedes quando andavam sobre terra.
No entanto, a curvatura de seus dedos nos pés e nas mãos, assim como a de suas escápulas, também constitui uma sólida evidência de que "Lucy" e os outros membros de seu grupo passavam parte de seu tempo nas árvores, assinalou o estudo.
Essas características diferem das dos antepassados diretos do Homo sapiens que, segundo os estudos, abandonaram a vida nas árvores há cerca de 2 milhões de anos para se tornarem bípedes.
Para determinar o começo do bipedalismo entre os Australopithecus afarensis, os cientistas fizeram uma experiência em que um grupo de seres humanos andava sobre a areia.
Alguns faziam de maneira bípede como os seres humanos modernos e outros inclinados como chimpanzés.
Os modelos tridimensionais de suas pegadas foram analisados pelos cientistas liderados por Adam Gordon, do Laboratório de Morfologia Evolutiva de Primatas da Universidade de Albany (Nova York).
Raichlen indicou que, ao analisar as pegadas dos Australopithecus, os cientistas esperavam encontrar pegadas de um ser hominídeo que caminhava como um chimpanzé, e não ereto e bípede.
"Para nossa surpresa, as pegadas de Laetoli se ajustam completamente às de seres humanos normais", acrescentou o cientista. Segundo ele, as pegadas de Laetoli mostram marcas dos dedos e do calcanhar similares às dos seres humanos.
"Este estudo sugere que, em um momento em que nossos ancestrais tinham uma anatomia adaptada para viver nas árvores por grande parte do tempo, também tinham desenvolvido uma forma eficiente de bipedalismo", manifestou Gordon.
Na pesquisa também participaram cientistas do Colégio Lehman da Universidade de Nova York.